Na análise da evolução do setor das telecomunicações que apresentamos um ano atrás, se apontava como "guideline" a consolidação do VoIP (Voice over IP). Dois fatos nos levaram a chegar a essa conclusão: Por uma parte, as melhorias observadas em técnicas de compressão, que permitem obter uma melhor qualidade de voz; por outro, a realidade comercial materializada na oferta de serviços baseados nesta tecnologia, não só pelos operadores alternativos de telecomunicações ou os provedores de software, mas também por alguns operadores históricos europeus.
Na segunda metade do ano passado a VoIP concentrava a atenção dos meios de comunicação, ocupando a primeira página das revistas econômicas internacionais. Em 17 de Setembro de 2005, a The Economist abriu sua capa com um convite para descobrir "como o Internet matou o negócio de telefonia." Agora em seu editorial, esta prestigiada publicação qualificava a VoIP como uma tecnologia disruptiva de consequências ainda maiores que a chegada do computador pessoal há vinte anos.
Disruptiva ou evolutiva, as recentes operações corporativas entre o setor das telecomunicações e dos negócios eletrônicos foram realocadas de forma a colocar a atualidade um serviço que, longe de ser novo, tem vindo a concentrar o interesse dos agentes do setor durante os últimos anos
Assim, para além dos efeitos da mídia que todas as operações de M&A provocam ameaças e oportunidades que este serviço apresenta passou anos com foco de operadores, fabricantes de hardware, fábricas de software e reguladores.
A possibilidade de transmitir voz por redes baseadas em IP (Internet Protocol) abre uma etapa fundamental na convergência entre redes baseadas em comutação de circuitos, em que a maior parte da PSTN (Public Switched Telephone Network), e a rede de Internet. Este processo de convergência entre redes e serviços está levando ao surgimento de oportunidades de negócios para operadores estabelecidos e de entrada, bem como a necessidade de uma resposta dos reguladores para as perguntas que ele tem.
O objetivo do presente documento é, por um lado, analisar os elementos que compõem esta nova realidade de VoIP (de negócio, técnico e regulamentar) e, por outro para compartilhar um conjunto de reflexões sobre os efeitos que a VoIP está tendo hoje e terá em médio prazo em um mercado convergente com risco elevado de comoditização de voz e banda larga.
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